Tuesday, July 05, 2005

Asfixiante

Um, dois, três.
Quantas asas partidas de uma só vez?
Liberdade caída pelo chão.
Que mortal alcatrão!

Um, dois, três...
Afinal são muitos mais.
E tudo parece esmagado por pés,
mas, no entanto, não é por isso que os matais.

Que máquina que nos aprisiona!
Que máquina que nos mata!

Nós que somos livres,
juntemo-nos,
numa fusão sem limite,
sem fim...
Livres, ó passaros atropelados,
ó maravilhas com asas.
Olha voam,
são livres!

Eu Amo-vos, livres aves.
Deixem-me juntar a vocês.

Oh, mas não!
Vocês são mais mal tratadas que eu.
Que raça esta que condiciona tudo.
Eles matam-vos, mas eu quero vos salvar.

Falta-me força, poder e presença,
para o fazer.

Será que posso misturar-me com vocês,
nessa imensidão, a que chamam de ar?
Será que devo?
Ou, será que o meu nome de Humano não vai conspurcar a coisa mais bela da natureza?

Voem, voem, voem.
Fujam, fujam, fujam.
Vão para onde não exista tanta Humanidade.

Não, não, não!
Vocês estão a tomar o caminho errado.
É para o campo que têm de ir,
para um recanto escondido e impenetrável,
longe dos olhares curiosos,
maldosos.

Deixem este ar para trás,
mas voem.

No comments: