Friday, November 30, 2012

Crónicas da toca (1ª capítulo, 2º episódio)

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Como tudo na vida, depois da tempestade vem a bonança, que é como quem diz: depois da vontade vem a cagança. Poder-se-ia pensar que esta frase seria inapropriada, mas a verdade é que não poderia ser mais adequada às temáticas abordadas no Instituto do Estudo das Batatas (IEB).
Depois da saga do servidor, e ainda sem servidor, iniciou-se o debate de temas relacionados com a avaliação da perfomance do IEB, que consistiu numa série de reuniões e debates sobre temas cujo conteúdo até hoje os jovens desconhecem verdadeiramente. Entre futilidades, sentimentos recalcados, definiram-se uma série de protocolos que deveriam ser seguidos, tendo Jestrudes da Silva insistido para que não houvesse desvios a esse mesmo protocolo.
No "dia D", Jestrudes fez o que se chama romper com o protocolo.
Ainda no âmbito desta avaliação, Moisés Melo e Tomás Filho apresentam-se para debater juntamente com uma "manada" de outros colegas de trabalho sob alçadas diferentes. Dos presentes na sala, ambos deveriam conhecer cerca de 5 indivíduos dos 30 presentes na sala. Sónia Cavalariça, uma das caras familiares na sala, comenta, bufando:
"Tão pouca gente, é sempre a mesma coisa!"
Moisés e Tomás ignoram.
"E vocês já se inscreveram na confraternização pré-natalícia?"
"Não" - responde Tomás.
"E estás à espera de quê?"
"Já faço" - atira tomás já a prever o tipo de conversa que se seguia.
Sónia Cavalariça e meia dúzia de gatos pingados sofriam do complexo de quem tem a mania que é muito responsável e que faziam tudo em prol de um bem maior.
Um representante da "manada" faz uma breve introdução sobre os grandes prós do IEB, em que o cheiro a falsidade é de tal forma palpável que os avaliadores fazem diversas perguntas, calcando em assuntos frágeis, como quem caminha sobre gelo fino.
CRRRR!
Eis que a superfície estalou, Moisés decide falar sobre o que lhe vai na alma.
Finda esta mesma reunião, Moisés vê-se envolvido num torbilhão de discussões dos restantes colegas, que não apreciaram os comentários dele contra o sistema. Qual revolucionário! Entre muitas discussões de opiniões divergentes quanto ao que deveria ter sido dito ou não, um dos indivíduos (o mesmo que tinha feito anteriormente a breve introdução) repete, enquanto Moisés se tenta defender, incansavelmente:
"Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés..."
Moisés já farto diz:
"Ok, fala lá!"
"Tens que ver que ... isto ... "
"Mas é suposto comer  e calar?" - Moisés não consegue ficar calado.
E eis que recomeça:
"Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés..."
"É sempre a mesma coisa, quando há qualquer coisa séria, ninguém vai..." - bufa Sónia Cavaraliça.
Enquanto isso Tomás olha para Joaquina Vassoureiro e diz com os lábios: "ESTE GAJO CHEIRA MAL QUE SE FARTA". Este "gajo" era o que repetia incansavelmente:
"Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés, Moisés..."

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(Continua)

Friday, November 23, 2012

Crónicas da toca (1º Capítulo, 1º episódio)

Estava uma tarde soalheira de Inverno, quando chegou a encomenda, que Moisés, Joaquina e Tomás tanto esperavam. Algo que no futuro iria mudar as suas vidas para sempre (pelo menos até encherem este novo disco). O brilho de felicidade era notório nos olhos dos três, contudo decidiram adiar este momento de glória para mais tarde.
Mais tarde, Joaquina e Tomás decidem ter o momento de glória juntos, e sem Moisés que tinha decidido ficar mais ranhoso do que é possível imaginar. Dirigiram-se, então, para o departamento de informática onde pediriam para instalar o sua nova aquisição no seu bem mais precioso de trabalho. Seria uma situação perfeitamente normal, não fosse o especialista em informática ter por diversas vezes tentado colocar o disco no local certo e não ter conseguido. Após diversas tentativas falhadas, Joaquina diz: "Não será para puxar esta patilha aqui para encaixar?".
"Vou chamar o meu colega." - Diz o especialista com um ar que vai desde o totó acanhado ao atrasado tímido.
O colega do especialista aparece e leva cerca de 10 segundos a fazer o que Joaquina tinha sugerido.
Dias depois, Moisés pede a este mesmo especialista que lhe faça determinada divisão de partições no disco. Posteriormente, o especialista notifica Moisés de que já tinha procedido como pedido. Coincidência ou não, nesse mesmo dia, o disco deixa de dar para gravar informação. No dia seguinte, Moisés, Joaquina e Tomás decidem ir ao Departamento de informática questionar o que se passava ao certo. Chegados ao Departamento, são atendidos por um jovem que diz ir chamar o especialista que os tinha atendido anteriormente.
"O meu gaydar está a soar o alarme em alto e bom som" - diz Tomás.
"Não está nada. Estás a inventar!" - responde Joaquina
Chega o jovem, com uma pose muito airosa e as mãos numa posição pouco normal e informa que o especialista já vem. "Posso-vos ser útil em mais alguma coisa?".
Joaquina, muito pouco discretamente, desmancha-se a rir e passados alguns segundos diz:
"Olha estamos a ser filmados!"
Momentos mais tarde, já com a promessa de ver a situação resolvida os três estão a trabalhar quando se apercebem de que algo não está bem e que não conseguem aceder aos seus trabalhos. Decidem falar com Jestrudes da Silva, que recomenda que se dirijam novamente ao Departamento de informática de forma a resolver a situação.
Por algum motivo, o Martim decide ir também e fazer-se passar por um "basofe" e assim ameaçar os especalistas todos de uma só vez.
"Tu não vais!" - diz Moisés.
"Vou sim, vocês precisam de pessoas que metam medo." - responde Martim, começando a andar com síndrome da deficiência "basofiana".
"Tu não precisas esforçar-te tanto para andar assim, naturalmente já corres assim" - graceja Tomás em alusão a uma excelente imitação que Moisés fez da forma como Martim corre, com os braços colados ao corpo, sem dobrar os joelhos e ao mesmo tempo balanceando os ombros.
Martim lá foi com os restantes, para agonia de Moisés que estava constrangido com a situação desconfortável em que se colocava com esta nova visita ao Departamento de informática. Talvez isso justifique o comportamento que ele teve a seguir, talvez não. O que é certo é que Moisés se coloca num beiral de uma espécie de varandim e pede: "Tomás coloca-te aqui".
Tomás desloca-se até ao lugar, permanecendo a olhar para Moisés. É, então, que se gera um momento algo estranho no qual Moisés se tenta aproximar de Tomás, olhando nos olhos. O que acontece a seguir é uma fuga de Tomás, os risos de Joaquina e Martim e a desilusão de Moisés por não conseguir explicar o que queria explicar ou por outro motivo ainda mais íntimo.
Passado o momento constrangedor, voltam a dirigir-se para o Departamento de informática, onde são informados que tiveram "azar e estas coisas acontecem". Tiveram azar com o especialista e este tipo de pessoas acontece que até nascem.


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(Continua)

Crónicas da toca (Prólogo)

Era uma vez, um grupo de jovens ainda viçosos que se sentava para almoçar à hora de almoço, cerca das 13 horas, na cantina, quando tudo aconteceu. Martim numa das suas muitas divagações acerca dos dramas da sua vida, decide atirar para a mesa um dos seus comentários extremamente inapropriados para uma hora de almoço, particularmente atendendo a que o almoço era num local público. Desta vez, e para não variar, acerca do tamanho das línguas e das suas possíveis funcionalidades. Tomás, para sua grande surpresa, acabara de descobrir que tinha uma língua grande e bastante afilada, que segundo Moisés seria ideal para situações mais localizadas e pontuais, enquanto que Martim teria uma língua ideal para abocanhar tudo. Enquanto isso Joaquina roçava a perna na perna de Tomás, a pensar tratar-se da perna de Martim. Situação que Tomás fez questão de partilhar, por se sentir relativamente incomodado com a crescente tensão sexual, especialmente depois da conversa de línguas afiladas e abrangentes. Martim e Moisés ficaram cabisbaixos, pois ambos desenvolviam uma paixoneta por Joaquina e Tomás, respectivamente. Martim tinha desenvolvido essa paixoneta quando descobriu que afinal a Joaquina utilizava enchimento para fazer  o peito maior, cerca de 1 centímetro quadrado, que em seios inexistentes faz toda a diferença. Já Moisés tinha descoberto esta mesma paixoneta, no dia anterior, aquando de uma visita ao Departamento de informática, na qual tentou forçar Tomás a ficar à distância de uma língua. Poder-se-ia pensar que tanta promiscuidade os levaria certamente a sentirem-se desconfortáveis com a situação, mas a verdade é que tal não aconteceu.
Entre muitos piropos em locais públicos e conversas sobre cocó que transcendem o humanamente possível de imaginar, este grupo de jovens tinha embarcado numa espécie de aventura social ao alistar-se para trabalhar (juntos) sob a alçada de Jestrudes da Silva. Jestrudes da Silva nesse mesmo dia, estava preocupada, para não variar, com o trabalho que não era capaz de fazer e portanto mais uma vez e, para não variar também, exigia a Moisés e Tomás que o fizessem. A título de exemplo uma das tarefas consistia em retirar uma vírgula de um determinado texto, por conversa telefónica. Por seu lado Martim trabalhava no mesmo grupo embora sob uma alçada diferente, mas num contracto de moldes relativamente semelhantes. Ao mesmo tempo, em que Moisés e Tomás trabalhavam no trabalho dos outros, Joaquina e Martim dissertavam sobre como colocar um ficheiro de 3,2 GB num CD de 700 MB.
É neste entrelaçamento de vontades e ideias completamente aleatórias e, ainda assim, próprias, oprimidas pelo regime ditatorial, que estes jovens vão vivendo o seu quotidiano, em tempo de crise social e económica, no qual esta história se irá desenrolar.