Friday, September 02, 2005

Num bairro moderno

Cesário, se pintasses os quadros de hoje…
Que verias?

Caminhando pela rua apenas pedras e mais pedras,
metal mais metal. Oh, foge, foge!
Abominável visão,
que nos arrasta pelo chão.
Arranhões causará ao que quer que ande a rastejar no maldito alcatrão.
Ruas macadamizadas descrevias tu na tua poesia.
Pós macadamização, vieram as ruas ensanguentadas.
Todas que por aí se veêm sentadas, levantadas, “emperuadas”
(conforme lhes convir)
são, no entanto, igual a descrição de mulher da cidade que tu davas: altiva e fria.

Sim, sim, malditos dias os nossos.
Morte espalhada por todo o lado.
Pássaros mortos, dos quais só restam os ossos,
será este o meu fado?
Ver a beleza daquilo que te trazia as tuas fugas imaginativas
ser destruída por indivíduos com maneiras tão rudes e primitivas?

Retalhos do campo na cidade?
Só se for as ervas secas
mas de tenra idade.
Estranhos dias os nossos em que ervas murcham tão cedo
Credo!
Como são feias todas estas tretas.
Oh, Natureza como anseio pelas tuas forças
não se terem esgotado todas.

Revive e devolve estes seres para onde eles nunca deviam ter saído.
Leva-os para o vazio sem fim.

2 comments:

Inês said...

amo cesário verde =)
(só mais uma das minhas relações lol)
bjs

Inês said...

Eu sei que o poema não é de cesário, aliás acho que já te disse que adoro os teus poemas. Quanto às minhas divagações... estou de férias, acho que também servem para pôr as ideias em ordem. Nem todos têm tanto a dizer como tu ;) bjs