Thursday, August 25, 2005

Branco

Sentimento confuso,
Imensamente difuso.
Que sinto Eu,
enquanto outros olham para o céu?

Branco!

É a cor do fumo que paira sobre Lisboa,
e também sobre os fundos do Alentejo.
Fundos onde não vejo luz, p’ra lá do buraco onde cai a cor da vida.
O poluente fumo dos fogos que paira sobre o país, também paira sobre a minha cabeça.

Que coisa esta que me deixa a toa,
como um barco a deriva no Tejo,
que procura encontrar uma saída
da confusão que se instalou em cada uma das suas lenhosas peças.

Oh, peças do meu corpo porque ardeis?
Porque ardem elas sem a minha razão?
Procurando ou não,
acabo sempre por te encontrar, fogo que me faz arder sem sopro.

O vácuo distante permanece longínquo,
mas o meu vácuo parece-me ainda mais ausente.
Preciso da peça que me faz respirar,
falta-me aquilo que me faz quente.

Tragam-me!
Devolvam-me!
Não levem a peça que me falta!
Regressssssssa!

De que me adianta silvar se não te posso ter?
De que me adianta gritar por aquilo que não vejo?

Branco,
já foste chamado de cor da paz,
de cor da morte,
eu dar-te-ei o meu significado – és aquilo que me preenche, hoje!

1 comment:

Inês said...

uau ;)